sexta-feira, 28 de março de 2014

MÊS ESPÍRITA

CONHECIMENTO DE SI MESMO

O LIVRO DOS ESPíRITOS - LIVRO 3, CAP. 12

V CONHECIMENTO DE SI MESMO

919. Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal?
-- Um sábio da Antigüidade vos disse: "Conhece-te a ti mesmo".
919-a. Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima, mas a dificuldade está precisamente em se conhecer a si próprio. Qual o meio de chegar a isso ?
-- Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessitava de reforma. Aquele que todas as noites lembrasse todas as suas ações do dia, e, se perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditai-me, Deus o assistirá. Formulai, portanto, as vossas perguntas, indagai o que fizestes e com que fito agistes em determinada circunstância, se fizestes alguma coisa que censuraríeis nos outros, se praticastes uma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda isto: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto, teria eu de temer o olhar de alguém? Examinai o que pudésseis ter feito contra Deus, depois contra o próximo e por fim contra vós mesmos. As respostas serão motivo de repouso para vossa consciência ou indicarão um mal que deve ser curado.
O conhecimento de si mesmo é portanto a chave do melhoramento individual. Mas, direis, como julgar a si mesmo? Não se terá a ilusão do amor-próprio, que atenua as faltas e as torna desculpáveis? O avaro se julga simplesmente econômico e previdente, o orgulhoso se considera tão somente cheio de dignidade. Tudo isso é muito certo, mas tendes um meio de controle que não vos pode enganar. Quando estais indecisos quanto ao valor de uma de vossas ações, perguntai como a qualificaríeis se tivesse sido praticada por outra pessoa. Se a censurardes em outros, ela não poderia ser mais legítima para vós, porque Deus não usa de duas medidas para a justiça. Procurai também saber o que pensam os outros e não negligencieis a opinião dos vossos inimigos, porque eles não têm nenhum interesse em disfarçar a verdade e geralmente Deus os colocou ao vosso lado como um espelho, para vos advertirem com mais franqueza do que o faria um amigo. Que aquele que tem a verdadeira vontade de se melhorar explore, portanto, a sua consciência, a fim de arrancar dali as más tendências como arranca as ervas daninhas do seu jardim; que faça o balanço da sua jornada moral como o negociante o faz dos seus lucros e perdas, e eu vos asseguro que o primeiro será mais proveitoso que o outro. Se ele puder dizer que a sua jornada foi boa, pode dormir em paz e esperar sem temor o despertar na outra vida.
Formulai, portanto, perguntas claras e precisas e não temais multiplicá-las: pode-se muito bem consagrar alguns minutos à conquista da felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias para ajuntar o que vos dê repouso na velhice? Esse repouso não é o objeto de todos os vossos desejos, o alvo que vos permite sofrer as fadigas e as privações passageiras? Pois bem: o que é esse repouso de alguns dias, perturbado pelas enfermidades do corpo, ao lado daquilo que aguarda o homem de bem? Isto não vale a pena de alguns esforços? Sei que muitos dizem que o presente é positivo e o futuro incerto. Ora, aí está, precisamente, o pensamento que fomos encarregados de destruir em vossas mentes, pois desejamos fazer-vos compreender esse futuro de maneira a que nenhuma dúvida possa restar em vossa alma. Foi por isso que chamamos primeiro a vossa atenção para os fenômenos da Natureza que vos tocam os sentidos e depois vos demos instruções que cada um de vós tem o dever de difundir. Foi com esse propósito que ditamos O Livro dos Espíritos.
SANTO AGOSTINHO


Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, com efeito, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais freqüentemente a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem disso nos apercebermos, por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos. A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que uma máxima que em geral não aplicamos a nós mesmos. Ela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não deixam lugar a alternativas: respostas que são outros tantos argumentos pessoais, pela soma das quais podemos computar a soma do bem e do mal que existe em nós.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Curso de Educadores

O Livro dos Espíritos



Dos cinco livros fundamentais que compõem a Codificação do Espiritismo, este foi o primeiro, reunindo os ensinos dos Espíritos Superiores através de médiuns de várias partes do Mundo. Ele é o marco inicial de uma Doutrina que trouxe uma profunda repercussão no pensamento e na visão de vida de considerável parcela da Humanidade, desde 1857, data da primeira edição francesa. Estruturado em quatro partes e contendo 1.019 perguntas formuladas pelo Codificador, aborda os ensinamentos espíritas, de uma forma lógica e racional, sob os aspectos científico, filosófico e religioso. Independentemente de crença ou convicção religiosa, a leitura de “O Livro dos Espíritos” será de imenso valor para todos, porque trata de Deus, da imortalidade da alma, da natureza dos Espíritos, de suas relações com os homens, das leis morais, da vida presente, da vida futura e do porvir da Humanidade, assuntos de interesse geral e de grande atualidade

domingo, 23 de março de 2014

Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?


Livro II – Capítulo IX
Intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal

Influência Oculta dos Espíritos em Nossos Pensamentos e Atos
Perguntas 459 a 472

459 – Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?

-- Muito mais do que imaginais, pois, frequentemente, são eles que vos dirigem.

460 – Além dos pensamentos que nos são próprios, haverá outros que nos são sugeridos?

-- Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem ao mesmo tempo sobre o mesmo assunto e, frequentemente, bastante contraditórios. Pois bem! Neles há sempre um pouco de vós e um pouco de nós, e é isso que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.

461 – Como distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos?

-- Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que vos ocorrem em primeiro lugar. Aliás, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção, e muitas vezes é útil não sabê-la: o homem age mais livremente. Se decidir pelo bem, ele o fará com maior boa vontade; se tomar o mau caminho, maior será a sua responsabilidade.

462 – Os homens inteligentes e de gênio sempre tiram suas idéias de dentro de si mesmos?


-- Algumas vezes elas lhes vêm do seu próprio Espírito, mas muitas vezes lhes são sugeridas por outros Espíritos que os julgam capazes de compreendê-las e dignos de transmiti-las. Quando os homens não as encontram em si mesmos, apelam para a inspiração. Sem que suspeitem, fazem verdadeira evocação.

Nota:
Se nos fosse útil poder distinguir claramente os nossos pensamentos próprios dos que nos são sugeridos, Deus nos teria dado os meios de consegui-lo, como nos deu o de distinguir o dia da noite. Quando uma coisa permanece vaga, é que assim deve ser para o nosso bem.
 
463 – Diz-se algumas vezes que o primeiro impulso é sempre bom. Isto é exato?

-- Pode ser bom ou mau, conforme a natureza do Espírito encarnado. É sempre bom naquele que ouve as boas inspirações.

464 – Como distinguir se um pensamento sugerido procede de um bom ou de um mau Espírito?

-- Estudai o caso. Os Espíritos bons só aconselham o bem. Cabe a vós distinguir.

465 – Com que objetivo os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?

-- Para vos fazer sofrer, como eles.

465-a – Isso diminui seus sofrimentos?

-- Não. Fazem-no por inveja, ao verem seres mais felizes.

465-b – Qual a natureza do sofrimento que querem que os outros experimentem?

-- Os que resultam dos seres de ordem inferior, afastados de Deus.

466 – Por que Deus permite que Espíritos nos incitem ao mal?

-- Os Espíritos imperfeitos são instrumentos destinados a pôr em prova a fé e a constância dos homens no bem. Tu, sendo Espírito, deves progredir na ciência do infinito, e por isso passas pelas provas do mal, para chegares ao bem. Nossa missão é colocar-te no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, é que as atrais pelo desejo do mal, pois os Espíritos inferiores vêm auxiliar-te no mal, quando tens vontade de praticá-lo. Eles não podem ajudar-te no mal senão quando queiras o mal. Pois bem! Se és inclinado ao assassínio, terás uma multidão de Espíritos que alimentarão em ti essa idéia. Mas também terás outros que se empenharão em influenciar-te para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor dos teus atos.

Nota:
É assim que Deus deixa à nossa consciência a escolha do caminho que devemos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.
 
467 – Pode o homem libertar-se da influência dos Espíritos que o impelem ao mal?

-- Sim, visto que tais Espíritos só se apegam aos que os chamam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos.

468 – Os Espíritos cuja influência é repelida pela vontade do homem renunciam às suas tentativas?

-- Que queria que fizessem? Quando não há nada a fazer, eles cedem o lugar. Entretanto, espreitam o momento favorável, como o gato espreita o rato.

469 – Por que meios podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?

-- Praticando o bem e pondo toda a vossa confiança em Deus, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e destruireis o império que queiram ter sobre vós. Evitai escutar as sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós e excitam todas as paixões más. Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, porque eles vos atacam na vossa fraqueza. Essa a razão por que Jesus vos ensinou a dizer, na Oração Dominical: “Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal


470 – Os Espíritos que procuram induzir-nos ao mal e que põem assim em prova a nossa firmeza no bem, receberam missão de fazê-lo? E se é uma missão que cumprem, terão alguma responsabilidade nisso?

-- Nenhum Espírito recebe a missão de fazer o mal. Quando o faz, é por sua própria vontade e, por conseguinte, sofre as conseqüências. Deus pode permitir que ele o faça para vos provar, mas não o ordena, cabendo a vós repeli-lo.

471 – Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível ou satisfação interior sem causa conhecida, isso se deve unicamente a uma disposição física?

-- É quase sempre efeito das comunicações que, inconscientemente, tendes com os Espíritos, ou que tivestes com eles durante o sono.

472 – Os Espíritos que nos querem induzir ao mal se limitam a aproveitar as circunstâncias em que nos encontramos, ou podem criar essas circunstâncias?

-- Aproveitam a circunstância, mas, muitas vezes, a provocam, impelindo-vos, sem que o saibais, para o objeto da vossa cobiça. Assim, por exemplo, um homem encontra em seu caminho certa quantia de dinheiro: não penses que foram os Espíritos que a trouxeram para ali. Contudo, eles podem inspirar ao homem a idéia de tomar aquela direção e sugerir-lhe, depois, a de apoderar-se do dinheiro, enquanto outros lhe sugerem o pensamento de devolver o dinheiro ao dono. Dá-se o mesmo com todas as outras tentações.